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O presidente iraniano, Hassan Rohani, celebrou na última quinta-feira (22) a “histórica inauguração” de um novo terminal de exportação de petróleo no golfo de Omã. Ele evitará a travessia pelo estratégico Estreito de Ormuz, onde patrulham navios de guerra dos Estados Unidos.

Este oleoduto permitirá à República Islâmica exportar seu petróleo do porto de Jask, poupando os navios petroleiros de vários dias de navegação a partir do porto de Kharg, ambos no Golfo de Omã. Também permitirá evitar o Estreito de Ormuz, coração de tensões estratégicas entre Irã e Estados Unidos, país considerado inimigo e com vários navios de guerra na área.

Por causa das sanções americanas, o Irã é muito discreto sobre o destino das exportações de petróleo, tanto que, poucos clientes ainda se arriscam a comprar. Em junho, o Irã produziu 2,47 milhões de barris diários, segundo as últimas estatísticas disponíveis da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Fonte: https://www.bol.uol.com.br

Autora: Daiane Deolindo Rosa

Mesmo o Presidente Jair Bolsonaro tendo negado que o conflito possa prejudicar a relação comercial entre Brasil e Irã, há motivos para preocupação segundo especialistas. Após as declarações do Itamaraty em relação a morte do General Iraniano Qasem Soleimani, pelo que chamou de “luta contra o flagelo do terrorismo”, a chancelaria iraniana convocou a encarregada de negócios com o Brasil no Teerã para uma reunião, porem até o momento o Irã não adotou qualquer medida contra o Brasil.

Se as relações entre Brasil e Irã se deteriorarem, isso poderá afetar o setor exportador do nosso país, pois o Irã pode promover embargos a produtos brasileiros. Num momento em que o Brasil tenta se integrar no mundo, o Irã é um mercado importante e que seria interessante o Brasil manter.

No ano passado, exportamos um volume total de US$ 2,1 bilhões ao Irã. O saldo foi positivo para a balança comercial brasileira em pouco mais de US$ 2 bilhões. Isso significa que vendemos mais aos iranianos do que compramos deles.

Mas é ao analisar o impacto em setores agrícolas específicos que a relevância dessas trocas comerciais fica mais evidente. O Irã foi o segundo maior comprador de milho brasileiro, quinto maior importador da soja e sexto maior comprador de carne bovina brasileira em 2019, segundo dados do Ministério da Economia.

Historicamente o Irã costuma adotar uma postura pragmática na relação comercial com outros países, mantendo o nível de importações mesmo quando há insatisfação no campo político. Ele não costuma partir do ponto 1 ao 10 sem passar por etapas intermediárias. O ponto 1 foi reagir à posição do Itamaraty chamando a diplomata brasileira em Teerã para prestar explicações.

Um agravante para o Brasil nesse contexto de brigas é o fato de o país ter se comprometido a sediar em fevereiro o encontro do processo de Varsóvia, liderado pelos EUA e tido como uma conferência internacional de luta contra o terrorismo. O encontro é visto também como uma tentativa de isolar o Irã na região. Até este encontro, dificilmente o Brasil será retaliado comercialmente. Depois disso, porém, fica mais fácil de o Irã pensar em cortar ou reduzir laços econômicos conosco.

Fiquemos atentos, pois sim, poderemos ser muito impactados nesta briga de gigantes.

Por Elton Menezes.

Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou oportunidades em mais de 200 produtos iranianos no Brasil. Estando o Irã na Ásia Central, sua posição o torna um país extremamente estratégico, além de que a economia do Oriente Médio está sempre em crescimento.

Uma barreira para a abertura de maiores negócios entre Brasil e Irã é o fato de que os Bancos brasileiros têm receio de negociar com o Irã, pois acreditam que sofrerão punições dos Estados Unidos. No começo do mês, foi realizado pela CNI o Seminário Relações Econômicas Brasil – Irã, para então discutir sobre futuros relacionamentos. O principal desafio é convencer os Bancos brasileiros de que eles não estão sujeitos a punições, caso negociem com o Irã.

Para avançar no comércio bilateral os governos brasileiro e iraniano estão empenhados em encontrar as alternativas e caminhos para normalizar o relacionamento financeiro entre os dois países. O Irã busca uma estratégia para ampliar as relações comerciais e acredita que o Brasil pode ser sua ponte na América Latina.

Existem oportunidades de comércio, investimentos, integração e de cooperação não exploradas em diversas áreas como energia, indústria de defesa, setor automotivo, químico, transporte e siderurgia. O Brasil ainda enfrenta tarifas que variam entre 4% e 40% e o acordo comercial é o principal caminho para reduzir esse custo.

Por Natália Spíndola Camello.