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O crescente desmatamento para a abertura de novas áreas de plantio pode reduzir a eficiência da produção brasileira, pois hoje ela se encontra apoiada majoritariamente em um regime de plantio de duas safras por ano. A Planet Tracker, responsável por analisar riscos relacionados a questões ambientas, apontou a partir de estudos de clima que o aumento do desmatamento em certas regiões tem provocado uma alteração no regime de chuvas, o que tem influência direta na capacidade do Brasil em conseguir manter esse mesmo plantio de duas safras anuais, que, atualmente, é a responsável por boa parte do aumento da produção.

A consequência disso chega até investidores e em ações de empresas brasileiras, afinal, temos uma redução da produção nacional e consequentemente teremos um impacto direto nas exportações e no PIB do país, o que fará com que tenha maiores riscos de investimento. Atualmente, a capacidade do Brasil em ter duas e em alguns casos até três safras por ano é um dos motivos do país ser uma das maiores potências mundiais no âmbito agrícola.

Os pesquisadores da Planet Tracker alertam para a capacidade de se ter uma ou mais safras depende largamente da quantidade de chuvas, logo, atrasos no início das chuvas poderiam resultar na impossibilidade de se ter uma segunda safra. Se no Mato Grosso isso ocorresse, por exemplo, uma fazenda de tamanho médio já perderia cerca de 1/3 da renda anual, sendo o MT um dos maiores produtores de soja e milho do país.

O relatório indica que as receitas de exportação tem possibilidade de cair cerca de 2,1 bilhões até 2050, o que equivale em torno de 6% das receitas de exportação de soja e milho em 2018; isso impactaria de forma drástica aos principais representantes de exportação de milho e soja do país. Esse representa o cenário mais comum atualmente, o de desmatar mais áreas para aumentar a produção, entretanto, essa ação pode resultar no seu oposto: maior quantidade de terras, porém menos produtivas, tendo impacto direto nas exportações brasileiras e nos resultados das empresas do país. Dessa forma, deve ser visado que empresas brasileiras façam investimentos para que sejam adotadas novas medidas de desenvolvimento sustentável.

Por: Bruna Azevedo

Fonte: https://revistagloborural.globo.com