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Apesar das incertezas provocadas pela pandemia da Covid-19, a economia mundial, que se recuperou neste ano, deverá manter o crescimento em 2022. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o desempenho econômico será positivo em 4,9% no próximo ano, depois de registrar uma alta de 5,9% em 2021. Já o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) prevê uma alta de 5,6% neste ano e de 4,3% em 2022. A projeção do FMI para a economia brasileira no próximo ano, no entanto, é bem mais modesta: crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB).

O crescimento entre os países deve ser desigual, conforme preveem FMI e BIRD, porque, em alguns lugares, o percentual da população vacinada ainda é muito baixo, especialmente nos países mais pobres. “Embora o quadro da pandemia tenha melhorado, não viramos a página integralmente”, resume Rafael Cogin, economista-chefe do Instituto de Desenvolvimento Industrial (IEDI). Em relação à economia da China, Cogin detalha que, há alguns meses, se acendeu uma luz amarela com os sinais de desaceleração provocada, especialmente, pela crise no mercado imobiliário. “Isso pode ter impacto importante para o Brasil, não só pela queda nas exportações, mas pela acomodação dos preços de commodities que vinham subindo”. Por outro lado, ele lembra que expectativas menores para o crescimento chinês podem ajudar a arrefecer as pressões inflacionárias.

Paulo Gala, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), avalia que a inflação seguirá elevada no próximo ano e diz que esse cenário só mudará com a normalização das cadeias produtivas. “No dia em que não tivermos filas de navios em Los Angeles, podemos ter ideia de que a inflação está passando”, comenta, referindo-se ao congestionamento de navios contêineres que aguardam para descarregar seus produtos, resultado do aumento da demanda por parte dos norte-americanos.

A inflação tem aumentado em diversos países, desalinhando cadeias produtivas globais. A Covid 19 provocou escassez de insumos no mercado internacional, com a falta de matérias-primas e a reabertura da economia, os preços ficaram mais caros em diferentes regiões. Nos Estados Unidos, a inflação chegou a 6,2% em 12 meses, sendo a maior desde novembro de 1990.

Mais exportações

Principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos e a China estão entre os países que devem registrar crescimento acima de 5% em 2022, segundo as estimativas do FMI. Nos países da União Europeia, o crescimento médio esperado é de 4,3%. Fabrizio Sardelli Panzini, gerente de Integração Internacional da CNI, avalia que esse cenário vai favorecer o Brasil. “Em geral, além da pauta industrial, temos um mundo que pode ter demanda maior por produtos brasileiros”, prevê.

Esse aumento na demanda, que poderá se ampliar no próximo ano, começou em 2021. Entre janeiro e setembro, a corrente brasileira de comércio exterior de bens (soma de exportações e importações) chegou a US$ 370,6 bilhões, a maior dos últimos cinco anos, conforme dados do Ministério da Economia. A China destacou-se como o principal parceiro do Brasil tanto em exportações (34% do total) quanto em importações brasileiras (22% do total), com uma corrente bilateral de US$ 105,9 bilhões no acumulado do ano. Embora a participação da indústria de transformação tenha caído, os principais setores apresentaram crescimento das exportações em relação ao mesmo período em 2020, destacando-se a fabricação de produtos alimentícios (+22%), de metais básicos (+31%) e de produtos químicos (+32%).

Os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que a alta global das exportações no segundo trimestre de 2021, em relação ao segundo trimestre de 2020, foi de 23%. Nos EUA, o aumento foi de 29%; na União Europeia, de 28%; na China, de 21%; e no Japão, de 32%. No mesmo período, as exportações do Brasil registraram uma alta de 16%. Ainda segundo a OMC, as importações brasileiras cresceram em 26%, mais que a média mundial (de 22%).

Mesmo com a recuperação da economia em diversas partes do globo, a tendência é que a disputa entre EUA e China permaneça nos próximos anos. “Essa é a nova realidade. Os conflitos entre Estados Unidos e China são desdobramentos de uma concorrência mais diversificada e complexa do ponto de vista tecnológico”, avalia Cognin, do IEDI.

Sendo desta forma o tema sempre estará em pauta e a expansão chinesa continuará. E a tensão com os EUA é permanente, o que acaba virando uma guerra pela fronteira tecnológica. Fazendo com que China e EUA tenham uma disputa geoeconômica e não militar como alguns citam.

Autor: Charlene Pavloski e Luana Ramos Cardoso

Fonte: Portal da Indústria