Nesta última quarta-feira (04/08), a explosão que destruiu parte do porto de Beirute completa um ano, entre faixas de protestos clamando por justiça e milhares de manifestantes que ainda buscam a retomada da vida tal como era. A tragédia – uma das mais emblemáticas da história – ocorreu em meio à maior crise sanitária do século. Enquanto o mundo voltava seus olhares esperançosos à corrida em busca da vacina para a COVID-19, pudemos assistir de casa um incêndio em um depósito que armazenava 2,700 toneladas de nitrato de amônio explodir em proporções catastróficas, destruindo pontos em toda capital libanesa, deixando para trás 214 mortos, cerca de 7.500 feridos, mais de 300.000 desabrigados e ninguém responsabilizado.

Um ano se passou e o porto de Beirute segue destruído. O Líbano, que já enfrentava uma grave crise econômica em meio à pandemia, afundou-se ainda mais em dívidas e hoje tem uma das mais graves crises econômicas do mundo, recebendo o título de “nova Venezuela”. “Tudo está como no dia da tragédia. A situação é muito triste porque o país enfrenta a sua maior crise financeira. O Líbano está completamente paralisado, afundando em condições muito difíceis” relata Angelique Sabounjian, sobrevivente do evento catastrófico. O país que já foi conhecido como a ”Suíça do Oriente Médio” por seu poder econômico hoje amarga numa crise sem precedentes, marcada por apagões, fome e suicídios.

As relações entre o Brasil e o Líbano sempre foram muito amistosas, vide o grande número de brasileiros descendentes de libaneses – do qual se destaca o ex-presidente da república, Michel Temer – e a grande comunidade brasileira vivendo em território libanês. O país do Oriente Médio sempre foi destino de muitos investimentos brasileiros, tanto na área comercial, como na infraestrutura e até mesmo naval-militar com o acordo que permite ao Brasil patrulhar as águas libanesas para conter o tráfico de armas no Oriente Médio, em vigor desde 2011.

Atualmente, somos o 17° país de origem para os produtos importados pelo Líbano, tendo como principal mercadoria exportada a carne bovina. Quanto às importações brasileiras, somos o 24° maior destino de mercadorias libanesas, tendo o fertilizante como o principal produto adquirido. Até que um novo porto seja estabelecido, é muito difícil a tarefa de projetar um futuro comercial vigoroso na relação entre os dois Estados, uma vez que o porto de Beirute costumava receber 98% de todos os containers que chegam ao Líbano.

Agora a esperança para o futuro do Líbano é de dias melhores e mais tranquilos. No aniversário de um ano da explosão, o país ainda aguarda auxílio internacional para reconstruir o porto que permanece devastado e subsiste principalmente de ajuda humanitária para o abastecimento interno da população, contando com ONGs que atuam em solo libanês para tentar amenizar os efeitos da grave crise financeira.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br

Por: João Henrique Cavali