As exportações brasileiras para os Estados Unidos registraram crescimento significativo em abril de 2025, justamente no primeiro mês em que os produtos passaram a ser submetidos às tarifas de 10% impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o Brasil vendeu aos EUA um total de US$ 3,5 bilhões em mercadorias nesse período, o que representa um aumento de 20% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o valor exportado foi de US$ 2,9 bilhões.
As tarifas recíprocas e abrangentes adotadas pelos Estados Unidos entraram em vigor no dia 5 de abril, o que gerou preocupações iniciais quanto ao impacto negativo sobre o comércio bilateral. No entanto, os números demonstram que, ao menos no curto prazo, as exportações brasileiras conseguiram manter fôlego e até se expandir. A participação dos Estados Unidos na pauta de exportações do Brasil cresceu de 9,6% em abril de 2024 para 11,7% em abril de 2025. Em comparação ao mês anterior, março de 2025, quando os embarques ao mercado norte-americano somaram US$ 3,1 bilhões, também se observa uma elevação expressiva.
No acumulado do primeiro quadrimestre de 2025, as exportações do Brasil para os Estados Unidos somaram aproximadamente US$ 13,1 bilhões, superando os US$ 12,6 bilhões registrados no mesmo intervalo do ano passado. Vale destacar que, até março, as vendas apresentavam queda na comparação anual. O desempenho de abril foi decisivo para reverter essa tendência negativa e marcar uma inflexão no comportamento do comércio entre os dois países.
Entre os principais produtos que impulsionaram esse crescimento destacam-se as exportações de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, que apresentaram alta de 208% em relação ao mesmo período de 2024, resultando em um incremento de US$ 402 milhões no faturamento. Também se destacaram os embarques de sucos de frutas ou de vegetais, que cresceram 87%, somando mais US$ 265 milhões, além das exportações de aeronaves e outros equipamentos, que aumentaram 42%, com um acréscimo de US$ 185 milhões nas vendas ao mercado norte-americano.
Apesar do bom desempenho geral, alguns segmentos registraram retrações no acumulado do quadrimestre. As exportações de produtos diversos da indústria de transformação caíram 13%, com uma redução de US$ 78 milhões. Também houve queda de 8% nos embarques de ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pós de ferro ou aço, além de ferro-ligas, resultando em uma perda de US$ 53 milhões. O setor de celulose também apresentou recuo de 8%, com redução de US$ 43 milhões no total exportado.
O crescimento das exportações brasileiras em um cenário de maior protecionismo por parte dos Estados Unidos indica resiliência de setores específicos da economia nacional e a manutenção da competitividade de produtos-chave no mercado norte-americano, mesmo diante de um ambiente comercial mais adverso.
Autor: Pedro Henrique Moretto Rodrigues